Integrado no Ciclo Braga Memória, decorreu, no passado sábado 28 de Dezembro, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, a apresentação do Livro “DO ILUMINISMO AO LIBERALISMO: BRAGA 1864, O BANCO DO MINHO” da autoria de Elisa Celeste Soares, ilustre vieirense de Santa Marta, Rossas, também autora do Livro ROSSAS, PELOS TRILHOS DA IDENTIDADE, apresentado em 2021.

A publicação ora apresentada, investiga em que circunstâncias nasce a Banca Nacional e como reagiu às sucessivas convulsões políticas, económicas e sociais do séc. XIX, séc. da sua iniciação, que prosseguem e se repercutem no início do séc. XX, foi o problema que na longa investigação se procurou compreender e, nesse contexto, formar uma opinião. A invasão francesa conduzida por Napoleão em 1808, que levou à fuga da Corte para o Rio de Janeiro, e a Revolução Liberal de 1820 na cidade do Porto, para a qual a iniciativa de adesão da cidade de Braga foi indispensável, poderão ser vistas como as causas de mudanças ocorridas no contexto político português, com particular evidência, a aprovação da Carta Constitucional (1ª 23 setembro de 1822) através da qual se inicia o fim do absolutismo do poder régio. O Monarca passa a depender do parlamento.

O fim das instituições que caracterizavam o Antigo Regime, em Portugal, foi um processo lento, vigorando durante quase toda a primeira metade do séc. XIX, originando dificuldades no desenvolvimento da economia portuguesa. O golpe da Regeneração de 1851, implicou medidas importantes de saneamento do Estado, fundamental no processo de mudança, pois permitiu a adoção do regime monetário do padrão-ouro, em 1854.

O Banco do Minho, criado na cidade de Braga em 1864, é um ativo financeiro resultante da ambição de empreendedorismo suscitado pelo liberalismo. Apesar das crises financeiras havidas, como a de 1876, com o carácter de uma crise de especulação, o Banco do Minho debate-se com operações que considera fraudulentas, com a falência de agentes fora do reino, e com perdas gerais sofridas, mas sobrevive à crise. E assim vai resistindo.

A crise de 1891-1892, com particular incidência no Brasil, integrou a emancipação dos escravos em 1888, a proclamação da República em 1889, a descida do preço do café, a maré especulativa, acrescido do colapso financeiro em julho de 1891, “levou a que o câmbio do Rio de Janeiro sobre Londres atingisse o valor mais baixo desde a guerra do Paraguai (1868-1899).

Em consequência, dá-se a retenção dos capitais investidos no Brasil e a contração violenta das remessas dos emigrantes. Portugal vê-se sem nenhum dos recursos com que podia mascarar o seu estado económico.  Devido aos efeitos da crise financeira de 1891 foi suspenso o regime padrão ouro, considerado a causa da bancarrota parcial de 1892. O Banco do Minho é mais uma vez privado das receitas financeiras provenientes do Brasil. O país passava por uma crise económica e financeira muito crítica. O Banco do Minho, como toda a banca nacional, vivia tempos de incerteza e risco, acrescido pela desvalorização da moeda nacional face à libra, que era elevada. Adapta-se ao regime da I República e à crise financeira da I Guerra Mundial (1914-1918), mas não resiste ao saneamento financeiro que Salazar, ministro das finanças, em 1929, introduziu no sistema bancário, com o reforço da Caixa Geral de Depósitos enquanto banco de investimento e instrumento da política económica do Estado, ao que acresce o crash financeiro de 1929, com efeitos nos mercados internacionais, restringindo as remessas dos emigrantes e as receitas de reexportação

[texto: Hernâni Agostinho Fernandes Gouveia]