Foi chumbado o “Parque Eólico de Vieira do Minho (Híbrido da Central Hidroelétrica de Vila Nova)” – o projeto de parque eólico que a EDP pretendia construir em Vieira do Minho. Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) o parque iria ameaçar o habitat e reprodução do lobo-ibérico.
Segundo o jornal O MINHO que avança a notícia, o projeto da EDP pretendia construir um parque eólico com nove aerogeradores em Vieira do Minho, fazendo uma ligação através de uma linha elétrica de nove quilómetros até à central hidroelétrica de Vila Nova, já no concelho de Montalegre. Aí seria feita a ligação à rede elétrica, já existente por via da barragem.
No entanto, o projeto esbarrou no estudo de impacto ambiental. De acordo com a avaliação da APA foram identificados “impactes negativos muito significativos e não minimizáveis” com a construção, nomeadamente no habitat de reprodução do lobo-ibérico.
Em que consiste o projeto
O ‘Parque Eólico de Vieira do Minho (Híbrido da Central Hidroelétrica de Vila Nova)’ prevê “nove aerogeradores e respetivas plataformas, rede elétrica interna, a 30 kV (subterrânea e aérea), subestação 30/60 kV do parque eólico, acessos a construir e a reabilitar, linha elétrica aérea, a 60 kV, e subestação 60/10 kV junto à Central Hidroelétrica”.
O objetivo seria o de “maximizar a produção de energia eólica num sistema de hibridização entre o parque eólico e a Central Hidroelétrica de Vila Nova/Venda Nova” para produzir 83,46 GWh/ano.
O que diz a APA
Segundo a Agência do Ambiente, esta intervenção iria “induzir impactes negativos muito significativos sobre valores naturais presentes na zona de implantação do projeto, nomeadamente sobre o lobo-ibérico (Canis lupus signatus), espécie que possui um estatuto de ameaça elevado, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal”.
O estudo refere que a área de implementação das eólicas localiza-se nas imediações do atual local de reprodução da alcateia da Cabreira.
O lobo é uma espécie em perigo de extinção em Portugal e protegida pela legislação nacional, sendo que o decreto-lei n.º 54/2016 de 25 de agosto proíbe perturbar os espécimes de lobo-ibérico ou deteriorar os seus locais de reprodução e repouso.
A APA explica que este tipo de construções levam a que as alcateias abandonem os locais (à semelhança do que aconteceu em 2003 com o Parque Eólico da Serra da Cabreira), leva a um decréscimo das taxas de reprodução e mudança das alcateias para zonas menos adequadas.
Para além da preservação do lobo-ibérico, há ainda a considerar problemas ao nível da paisagem, da qualidade visual, nomeadamente na Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês/Xurés.
A nível local, a APA aponta como impacto “positivo” e “significativo” o rendimento obtido pelos municípios a partir da exploração deste parque eólico.